FLUSHING

 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

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      A prática de aumentar o aporte nutricional ou o efeito dinâmico que influencia o peso e a condição corporal durante a fase reprodutiva é chamada de flushing. Sua finalidade é aumentar a taxa de ovulação e, conseqüentemente, a taxa de natalidade. Há pouca informação disponível com relação à duração mínima que deve ter o flushing para produzir um aumento ovulatório significativo. GUNN et al., (1984)b, utilizando uma alimentação rica para ovelhas com escore de 1,5 a 2,0, obtiveram bons resultados quando o flushing foi realizado por 18 dias antes da cobertura. Embora o flushing seja uma prática já utilizada entre os criadores,

o seu resultado pode ser muito variável. O flushing parece afetar o nível hepático de enzimas que metabolizam esteróides (EMS), elevando sua degradação. A diminuição dos esteróides na corrente sangüínea, acarretará um aumento no nível de gonadotrofinas e, portanto, elevação da taxa de ovulação. Um maior consumo de nutrientes, principalmente de proteína, promove um aumento dos níveis hepáticos de EMS e de gonadotrofinas na circulação.

    O efeito do flushing sobre a taxa de fertilidade é causa tanto do aumento no número de óvulos fertilizados como da maior taxa de sobrevivência embrionária, os quais determinam o número de fêmeas parindo. O primeiro mês após a fertilização é crítico para a sobrevivência embrionária. Daí a importância de continuar o flushing por um período de 30 dias após a cobertura já que este é o tempo necessário para a implantação do embrião no útero. As perdas de ovos fertilizados neste período de implantação resultam em uma elevada repetição de cios.

 

Figura 1 – Período recomendado para a realização do flushing em ovelhas com baixo escore corporal.

 

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FLUSHING

15-20 DIAS ANTES DO INÍCIO DA ESTAÇÃO DE MONTA OU DA COBERTURA

30 DIAS APÓS A COBERTURA OU 45 DIAS APÓS O INÍCIO DA ESTAÇÃO DE MONTA

 

    O flushing apresenta melhores respostas em fêmeas de baixa condição corporal e quase nenhuma resposta em fêmeas de boa condição corporal (3,5). Ovelhas que apresentam uma baixa condição corporal e não recebem o flushing apresentam altos índices de atresia folicular. O melhor desempenho reprodutivo normalmente é obtido com ovelhas apresentando um escore corporal de 2,5 e uma alimentação mais rica 2 a 3 semanas antes da cobertura.     Ainda, melhores resultados com o flushing são obtidos com fêmeas adultas do que com borregas. O flushing durante o pico estacional de ovulação é menos eficaz que fora deste pico, no início e no término da atividade reprodutiva.

Fêmeas muito gordas na estação de monta apresentam alta taxa de ovulação e maior tamanho de folículo, mas por outro lado, apresentam baixa taxa de sobrevivência embrionária. Tanto a subnutrição como a supernutrição contribuem para as perdas de ovos.

    A eficiência reprodutiva depende principalmente de fatores estáticos, ou seja, do aporte de nutrientes ao longo do ano, principalmente no período de recuperação compreendido entre o pós-desmame e a próxima estação de monta.     Esta eficiência é muito mais evidente do que aquela devido a fatores dinâmicos (flushing). A mudança de um alto nível de consumo alimentar pré-reprodução para um baixo nível pós-reprodução parece contribuir mais para a mortalidade pré-natal do que se as fêmeas fossem mantidas em baixo nível ao longo de todo o período. Isto sugere que os extremos devem ser evitados e que a condição corporal pobre ao longo do ano é tão crítica quanto um curto período de flushing.

 

Referências Bibliográficas

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