EFEITO MACHO

 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

VOLTA

    As ovelhas não ovulam regularmente antes da puberdade, durante o anestro sazonal ou no anestro da lactação.     Entretanto, se as ovelhas de algumas raças estão pré-condicionadas por um período de isolamento dos machos seguido da introdução dos mesmos, poderá ocorrer uma indução de respostas neuroendócrinas, as quais resultam em ovulação, estro e concepção. A presença do macho propicia um aumento nos níveis plasmáticos de LH e/ou maior sensibilidade aos estrógenos dentro de um período de 20-40 horas. A ovulação normalmente ocorre nas próximas 24 horas ao pique de LH. Entre o segundo e o terceiro dia após a introdução dos machos, as ovelhas ovulam, sendo que a partir desse momento, ou passam a ciclar normalmente ou apresentam um ciclo intermediário, em decorrência da deficiência de progesterona, já que essas fêmeas anteriormente apresentavam ovários afuncionais. Quando a introdução do carneiro induz à formação de um corpo lúteo funcional normal, as ovelhas apresentam cio com ovulação em intervalos característicos da espécie (14-20 dias), porém, quando este primeiro corpo lúteo não apresenta pleno funcionamento, ocorrem ciclos curtos que tem como conseqüência à ovulação em torno dos 25 dias após a apresentação dos machos às ovelhas. Normalmente, a primeira ovulação após a introdução dos machos não é acompanhada pelo comportamento estral.

    Este processo deve ser utilizado cerca de 6 semanas antes do usual início da estação reprodutiva para cada raça, pois em condições totalmente adversas as fêmeas podem apenas ovular sem manifestar cio e posteriormente retornar à condição de anestro. Da mesma forma , a condição nutricional tem importância no percentual de ovelhas em anestro que respondem ao efeito carneiro. O tempo que os machos devem ficar separados das fêmeas para provocar o efeito macho é pouco estudado e divergente entre os trabalhos. Recomenda-se que este isolamento seja de no mínimo 2 semanas. Após o isolamento, a presença do macho vai promover a ovulação devido ao estímulo olfativo das ovelhas em relação a uma substância andrógena-dependente presente nas secreções de glândulas sebáceas e odoríferas dos carneiros, os feromônios.

    O resultado obtido com o efeito macho pode ser diferente entre ovelhas de raças diferentes. Por exemplo, comparando a resposta das raças Dorset e a Hampshire Down ao efeito macho: ambas, respondem ao efeito, mas provavelmente a raça Dorset terá uma melhor reposta no período de anestro sazonal, por ser menos estacional do que a raça Hampshire Down.

 

EXEMPLOS PRÁTICOS DA UTILIZAÇÃO DO EFEITO MACHO

VOLTA

 

SINCRONIZAÇÃO DE CIOS

   Para sincronizar o cio das fêmeas através do efeito macho, deve-se manter as ovelhas distantes dos reprodutores por mais de 6 semanas antes da estação reprodutiva. Duas semanas antes da data marcada para o início das coberturas, as ovelhas são colocadas em contato com rufiões, que liberam feromônios, mas não são capazes de fecundar (normalmente um rufião é obtido através de vasectomia). Os rufiões estimulam o primeiro cio da estação de monta que é irregular e de baixa probabilidade de fecundação. Após as duas semanas, os rufiões são retirados do rebanho de ovelhas para a entrada dos reprodutores. Com esse manejo, a maioria das ovelhas será coberta no segundo ou terceiro cio, o que permitirá que a estação de monta tenha uma duração mais curta, de no máximo 35 dias, mas com uma alta taxa de fertilidade e uma concentração dos partos. A sincronização de cio é de grande importância por facilitar o manejo, produzir lotes uniformes de cordeiros, auxiliar na implantação de programas acelerados de parição e beneficiar o desenvolvimento de trabalhos de pesquisa.

 

EXEMPLO:

 

DEZEMBRO

Manter as ovelhas distantes dos machos

JANEIRO

Manter as ovelhas distantes dos machos

1/Fev a 14/Fev

Ovelhas + Rufiões

15/Fev a 15/Mar

Ovelhas + Carneiros

1/Jul a 1/Ago

Nascimentos (dois picos: na primeira e terceira semana da estação de nascimentos)

 

VOLTA

INDUÇÃO DE CIOS NO PERÍODO DE ANESTRO SAZONAL

   A indução de cios através do efeito macho é realizada como descrito acima, na sincronização de cio em ovelhas.     Entretanto, este manejo ocorrerá em período de anestro sazonal, quando os dias estão ficando mais longos e as noites mais curtas. Neste período, a maioria das raças de regiões distantes da linha do equador não ovulam, sendo necessário um estímulo, que pode ser através do efeito macho, para induzir a ocorrência de cios.

 

EXEMPLO:

 

JULHO

Estação de nascimentos

SETEMBRO

Desmame dos cordeiros

Tosquia das Ovelhas

Manter as ovelhas distantes dos machos

15/Out a 31/Out

Ovelhas + Rufiões

01/Nov a 30/Nov

Ovelhas + Carneiros (estação de monta no período de anestro sazonal)

15/Mar a 15/Abr

Nascimentos

 

 

 

INDUÇÃO DOS PRIMEIROS CIOS EM BORREGAS

   Os cordeiros machos e fêmeas devem ser separados com no máximo 4-5 meses de idade. Isto impede coberturas indesejáveis, já que os animais atingem a puberdade com esta idade, mas podem não estar aptos para a reprodução (as borregas só devem ser expostas ao macho após atingirem 60% do peso adulto e com a garantia de que serão bem alimentadas durante a primeira gestação).

    O isolamento de machos e fêmeas, dos 5 meses de idade até a primeira estação reprodutiva, é suficiente para promover o efeito macho quando o reprodutor entrar em contato com as fêmeas. A presença do macho após um período de isolamento é responsável pela indução e sincronização do cio das borregas.

 

EXEMPLO:

 

JULHO

Estação de nascimentos

DEZEMBRO

Separar os cordeiros machos dos cordeiros fêmeas

1/Fev a 14/Fev

Borregas com mais de 60% do peso adulto + Rufiões

As borregas que não atingirem o peso, devem esperar a próxima estação reprodutiva, normalmente no ano seguinte. Neste caso, o efeito macho é como o realizado para as ovelhas (sincronização e indução de cio).

15/Fev a 15/Mar

Borregas + Carneiros

1/Jul a 1/Ago

Nascimentos (dois picos: na primeira e terceira semana da estação de nascimentos)

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