IDADE À PRIMEIRA CRIA DE BORREGAS

 

OTTO DE SÁ,C. & SÁ,J.L.

     As fêmeas ovinas já podem se reproduzir ao atingir a puberdade, quando os primeiros cios começam a aparecer, entretanto, nesta fase, a maturidade sexual ainda não foi atingida, já que o animal não expressa sua ótima performance reprodutiva. A decisão de colocar um animal jovem em reprodução, tem uma grande importância, por afetar o seu desempenho reprodutivo futuro.

    A subfertilidade em borregas é uma das principais causas que contribuem para reduzir a produtividade de um rebanho ovino. Embora a taxa de fertilidade sofra influência de vários fatores, em torno de 20 a 40% das borregas falham em produzir o seu primeiro cordeiro. Em borregas os sinais comportamentais do cio são usualmente fracos e a intensidade é menos marcante do que em ovelhas adultas. Além disso, a duração do cio é normalmente mais curta em borregas do que em ovelhas. O número de ciclos estrais pode variar de um a onze durante a estação de monta, dependendo da raça, meio ambiente e desenvolvimento sexual das borregas. As ovelhas adultas apresentam em média 6 a 11 cios durante a época de reprodução e as borregas 2 a 6. Os ciclos estrais são menos regulares e a incidência de cio silencioso é mais freqüente, principalmente em borregas com uma taxa de crescimento baixa. Além disso, a taxa de ovulação é menor e a taxa de mortalidade embrionária mais elevada em borregas do que em ovelhas     Aparentemente a baixa taxa de ovulação e os altos índices de mortalidade embrionária em borregas estão relacionados com uma deficiente produção de hormônios.

    A idade em que uma fêmea ovina é coberta pela primeira vez pode variar de 31 meses, quando as condições de criação são muito adversas, até 7 meses, quando as borregas são criadas em sistemas intensivos de alta produção, ocorrendo, em média, aos 19 meses. São idades que coincidem com a época do ano de maior fertilidade para a maioria das raças ovinas.

 

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FATORES QUE AFETAM A PUBERDADE

 

GENÉTICA

   O desenvolvimento sexual é afetado pela genética, por fatores ambientais e pela interação entre eles.

    Existem diferenças entre as raças no que diz respeito à idade e peso corporal ao primeiro cio. Raças precoces, como as de origem inglesa, atingem a puberdade com idade menor. Também existe a variabilidade genética que é observada entre os indivíduos de uma mesma raça. Esta variabilidade permite a prática da seleção genética . Se a seleção das borregas que apresentam melhor performance reprodutiva for associada com uma boa alimentação, os índices reprodutivos de um rebanho podem melhorar, entretanto, borregas com baixas taxas de ovulação na sua primeira estação reprodutiva podem alcançar uma elevada taxa de ovulação e alta incidência de partos gemelares durante a sua vida reprodutiva futura. Neste caso, corre-se o risco de descartar animais de elevado mérito reprodutivo, quando a taxa de ovulação de borregas é o único critério de seleção.

As características reprodutivas mostram uma heterose mais elevada do que as características produtivas, isto significa que elas podem ser melhoradas através dos cruzamentos entre diferentes raças. Borregas resultantes de cruzamentos planejados podem apresentar uma melhor performance reprodutiva do que borregas de raças puras.

 

IDADE E PESO CORPORAL

        O peso vivo médio na puberdade, expresso como uma percentagem do peso adulto, não é constante. Em muitos casos, o primeiro cio das borregas é atingido quando elas apresentam em torno de 50 a 70% do peso corporal adulto ou em torno de 30 a 50 Kg. Existe uma larga variação entre as diferentes regiões do mundo, influenciada pelas diferentes raças e dentro de uma mesma raça, afetando o peso e a idade em que as borregas atingem a puberdade, sendo difícil a comparação devido às grandes diferenças ambientais. Assim como o peso, a idade que uma fêmea ovina apresenta ao atingir a puberdade também é extremamente variável. A idade ao primeiro cio varia de 5 a 18 meses.

    O maior ganho de peso durante a fase de aleitamento normalmente favorecerá a entrada precoce na puberdade e as borregas que exibem os primeiros cios normalmente são mais pesadas do que aquelas que não entram em cio no primeiro ano de vida.

    O fato das borregas estarem apresentando cios não quer dizer que estão aptas para a reprodução. Recomenda-se colocar com os reprodutores, somente as borregas que já tenham atingido 60% do peso adulto das ovelhas do rebanho. Além disso, elas devem receber uma boa alimentação para que sejam capazes de manter a gestação e continuar se desenvolvendo.

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NUTRIÇÃO

   Em condições de subnutrição, os animais imaturos apresentam um crescimento retardado que prejudica seriamente o desenvolvimento sexual e a entrada precoce na puberdade. Por outro lado, animais bem nutridos adiantam a idade à puberdade. Borregas que apresentam uma rápida taxa de crescimento vão exibir o primeiro cio e provavelmente a primeira gestação com uma idade menor e um peso corporal maior do que borregas com baixas taxas de crescimento. Borregas que nasceram de parto gemelar tendem a apresentar o primeiro cio com uma idade mais avançada e um peso corporal menor. Borregas criadas em sistemas extensivos apresentam baixa eficiência reprodutiva, o que está associado ao ambiente proporcionado, já que a pastagem nativa constitui-se na única fonte de alimentação.

    A utilização do flushing antes da reprodução, para as borregas, não tem um efeito claro na taxa de ovulação. Já a alimentação com altos níveis de energia pode estar associada com uma elevada incidência de borregas inférteis (excesso de gordura não é sinônimo de alta fertilidade). Na verdade, é o padrão de crescimento inicial das borregas que pode afetar o potencial reprodutivo.

    Borregas são menos eficazes para proteger o embrião das variações nutricionais ou de outras formas de estresse. Também, uma super alimentação de borregas na fase final de gestação pode resultar em cordeiros muito grandes, causando dificuldades de parto. O maior nível nutricional no final da gestação é mais problemático para borregas do que para ovelhas.

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LUMINOSIDADE

   A estacionalidade é um importante fator que afeta a puberdade em borregas.     Existe uma inter-relação entre a data de nascimento e a idade ao primeiro estro.     Portanto, não há uma idade fixa ou um peso corporal ou um período do ano no qual as borregas apresentem o seu primeiro cio, mas sim uma complexa inter-relação entre estes fatores e a época de nascimento. As borregas que nascem cedo na estação de nascimento apresentam a puberdade precocemente durante o primeiro período normal de reprodução ao contrário de borregas que nascem mais tarde. Este fato é mais evidente nas raças que se encontram em regiões distantes da linha do equador. Em raças de origem tropical, a estacionalidade reprodutiva e a luminosidade afetando o primeiro cio não é tão evidente.

    A estação de monta de fêmeas ovinas inicia-se no final do verão e começo do outono (para raças que apresentam estacionalidade reprodutiva), depois de um período de dias longos, antes do solstício de verão, seguido então pela diminuição do comprimento dos dias e, conseqüentemente, da luminosidade. A diminuição da luminosidade é que estimula as borregas a apresentarem os primeiros cios. Por isso, se elas nasceram no mês de agosto, elas vão ser estimuladas a apresentar cios com 7, 19 ou 31 meses (no mês de março). Neste caso a idade ao primeiro parto poderá ser com 13, 25 ou 37 meses. O interessante é que as borregas tenham o seu primeiro parto, com no máximo 2 anos de idade.

 

EFEITO MACHO

   Embora a atividade reprodutiva em ovelhas seja influenciada pela introdução do carneiro, o efeito macho para induzir o cio da puberdade é pouco estudado. A introdução de carneiros em rebanho de borregas durante a transição do período não reprodutivo para o reprodutivo pode resultar em uma significativa sincronização dos cios e das primeiras coberturas.

 

TIPO DE PARTO

   Normalmente, as borregas nascidas de parto gemelar apresentam um menor desenvolvimento e podem ter a sua puberdade retardada. Se estas fêmeas receberem suplementação alimentar na fase de aleitamento, através do creep feeding, poderão ter um desempenho similar ao de borregas nascidas de parto simples. Com este tipo de manejo não ocorreria um retardo na idade à puberdade de borregas oriundas de partos gemelares.

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